O motivo deste aviso é comunicar-vos a tomada de posição que a Direcção do Agrupamento assumiu perante a proposta da Junta Central para a insígnia comemorativa do triénio 2023-2026, que tem como mote a frase: “Sê quem tu quiseres”.
Eventualmente, alguns de vós já terão ouvido ou lido sobre este assunto, visto que tem gerado bastante discussão e discordância entre Associados, Assistentes e a Junta Central.
A Direcção decidiu que os elementos do Agrupamento não deverão usar esta insígnia, nem nenhuma outra no bolso direito da camisa, com efeito já para o Raide de Carnaval, pelas seguintes razões:
- A frase que para muitos, poderá ser vista como motivacional e empoderadora, algo que a sociedade actual tende a enfatizar, encerra em si um significado mais profundo que vai contra a doutrina e antropologia cristã. Por outras palavras, passa a ideia aos jovens que a sua felicidade está única e exclusivamente dependente de si próprios e da sua vontade, quando tal não é verdade. A vida sendo um dom de Deus, dado após a concepção, está inerentemente dependente daquilo que Deus suscita ou permite. E isto não significa que os jovens não possam ter sonhos e esforçarem-se por alcançá-los. Sabendo que estaremos ao seu lado para lhes dar as ferramentas para o sucesso e, quando falharem, ajudá-los-emos a levantarem-se.
- Todavia, a frase só por si não consubstancia motivo suficiente para esta decisão. O motivo que levou à tomada de posição do nosso Agrupamento, prende-se com algumas iniciativas levadas a cabo pela actual Junta Central, nomeadamente: o teor do Posicionamento Institucional «A afetividade e a sexualidade no programa educativo do CNE» – publicado em Setembro de 2023 – que defende um caminho diferente daquele que a Igreja propõe, o que é estranho uma vez que o CNE é parte integrante da Igreja Católica; ou a proposta de alteração ao Regulamento Geral do CNE, que incluía a eliminação da palavra “Cristãos” da Missão e Finalidade da Associação; apenas para citar alguns exemplos.
- Neste seguimento, a frase deixa de ser um mero incentivo e passa a ser a materialização de uma intenção clara em que se dê um afastamento da Igreja Católica.
A iniciativa que vos estamos a comunicar não parte de uma atitude insurrecta ou de afronta aos órgãos superiores da Associação, mas sim um manifesto de preocupação e defesa daquilo que é a história e o legado do Corpo Nacional de Escutas, junto das crianças e jovens que ao longo dos últimos 100 anos tiveram no Escutismo Católico Português um complemento à sua educação enquanto pessoas, cristãos e cidadãos. E como queremos que em Belas essa missão continue viva, continuaremos a contribuir para o desenvolvimento integral de crianças e jovens, ajudando-as a realizarem-se plenamente no que respeita às suas possibilidades físicas, intelectuais, sociais, afetivas e espirituais, como pessoas, cristãos e cidadãos responsáveis e membros das comunidades onde se inserem.
A fundamentação da decisão do Agrupamento tem por base a «Carta da Assistência Regional de Lisboa», enviada a todos os Agrupamentos da Região, pelo Assistente Regional em nome dos Assistentes dos Agrupamentos de Lisboa, no passado dia 12 de Janeiro.